A tela acima, intitulada Os fuzilamentos de 3 de maio de 1808, é obra do pintor espanhol Franciaco de Goya. Datada de 1814, a tela a óleo mede 266 x 345 cm e pertence ao acervo do Museu do Prado, Madrid, Espanha.
Goya nasceu em 1746, e Saragoça (Espanha) e morreu em 1828, em Bordéus (França, onde viveu os últimos anos de sua vida, num exílio voluntário, por não concordar com o governo despótico de D. Fernando VII. Desde 1792 estava absolutamente surdo em consequência de grave enfermidade, o que não o impediu de assumir, em 1799, o papel de primeiro pintor da corte espanhola.
O tema histórico
O título da tela nos remete a um fato histórico, datado e localizado, que serviu de pretexto para Goya se manifestar contra os horrores de uma dominação violenta e insana. A tela grita silenciosamente: impossível ficar alheio ao desespero dos homens que estão sendo fuzilados. No entanto, conhecer o episódio e jogar informações sobre a tela nos permite dialogar com a obra, ampliar a nossa leitura de mundo e a leitura da tela. Para conhecer melhor pesquise!
A obra prima é atemporal e universal
Para conhecer o fato e o contexto histórico que geraram a obra é fundamental. Mas a verdadeira obra de arte não se sujeita aos limites de tempo e espaço; ela é atemporal e universal porque registra algo que faz parte da essência e condição humana e, por isso mesmo, mexe com a sensibilidade e com a consciência de qualquer ser humano.
Plano geral
Ao defrontarmos com a tela de Goya, somos dominados por algumas sensações e sentimentos: horror, indignação, revolta, repugnância, compaixão, solidariedade. Se há uma aprente contradição nessa lista, é compreensível; analisando a tela em seu conjunto, percebemos que ela está centrada em duas antítese: vítma x assasinos, claro x escuro, o que potencializa o tom dramático e teatral da cena. Que tal, você investigar na tela os assasinos; as vítmas; o escuro e o claro?
O equilíbrio
O conjunto é muito equilibrado, ou seja, os conteúdos estão bem distribuidos pelo espaço físico da tela. Só por uma questão didática, vamos dividir a tela em quatro pertes iguais.
- A noite absoluta, sem lua nem estrelas.
- A colina iluminada nas proximidades do homem de camisa branca; vai escurecendo à medida que se distancia do homem.
- A noite absoluta, sem lua e sem estrelas.
- A cidade às escuras; nenhum sinal de luz; a cidade não tem consciência do que acontece ao seu povo.
- O espaço das vítmas, de onde se irradia a luz;
- Vários tipos humanos dão peso e este quarto da tela.
- É o fragmento mais agônico e trágico da tela.
- O outro espaço apresenta a massa mais compacta da obra, formada pelo conjunto de soldados.
- O lampião suavisa o peso deste fragmento.
Descubra quem é responsável por esse equilíbrio?
O ponto de vista do observadorÉ sempre interessante notar onde o artista posiciona o observador. Nesta tela de Goya, nós observamos a cena "em diagonal", ou seja, o artista "puxou um pouco" o canto direito da cena em direção ao observador: por isso vemos soldados quase de costas e as vítmas, de frente. Outro aspecto importante, que aumenta o horror, é que o observador está muito próximo da cena.
Dê seu ponto de vista sobre:
- O primeiro soldado, as baionetas caladas, homem morto, as bocas fechadas, cristianização, caricaturas.
A herança de Goya: intertextualidades
O fascínio que o escritor exerceu sobre os pintores das mais variadas tendências pode ser constatado em diversas telas. Veja a seguir, dois belíssimos exemplos que retomam Os fuzilamentos de 3 de maio: a tela Execução do Imperador Maximiliano, pintado pelo impressionaista francês Edouard Manet, em 1867, e Guernica, pintada pelo cubista Pablo Picasso, em 1953.
Execução do Imperador Maximiliano de Édouard Manet em 1867.
Fonte Google
Guernica de Pablo Picasso, em 1937.
Fonte Google.
Fonte: De Nicola, José
Português: ensino médio, volume 1/José de Nicola. São Paulo: Scipione, 2005.